STATCOUNTER

Um espaço para que pesquisadores nas Ciências Humanas discutam suas idéias, seus projetos, suas análises.

Tuesday, December 12, 2017

Propina para um ou bolsa para dois milhões?

Vimos, hoje, a notícia a respeito da propina recebida por um funcionário da Receita Federal – a bagatela de 160 milhões. O Globo (G1) que, creio, não pode ser acusado de esquerdista, comunista etc. e tem uma competente equipe de repórteres e de revisores, informa que “Grupo dos irmãos Batista teria pago R$ 160 milhões para agilizar liberação de créditos tributários.” Essa é a propina total, paga ao longo de vários anos, a um fiscal da Receita. A delação foi feita pelos responsáveis pela própria JBS.

Há, da parte da direita mais sectária e mal informada, a impressão de que o Bolsa Família seria um programa caríssimo e muito mal administrado.

Nem um, nem outro.

Em 2015, o custo total do programa foi cerca de 27 bilhões de reais. Um pouco mais de meio por cento do PIB. No mesmo ano, as renúncias fiscais (impostos de que o Estado abriu mão), programas que alguns, ironicamente, chamam de “Bolsa Empresário”, equivaleram a 400 bilhões de reais em 2017. A fonte não é Granma, jornal oficial do PCC (cubano). É, uma vez mais, o insuspeitíssimo G1. Claro que há partes válidas no argumento de que as renuncias fiscais contribuem para combater a recessão etc.

O Bolsa Família tem benefícios; porém, muitos não dispõem dessa informação. É fácil aceitar dois desses: a elevação do nível educacional das crianças das famílias beneficiadas e uma redução dos gastos médicos graças a redução da fome e da desnutrição. E há quem defenda, com dados e seriedade, que o Bolsa Família tem um expressivo efeito multiplicador.

Porem, o meu foco não é esse. Voltemos à noticia de hoje, dos 160 milhões que teriam sido recebidos por um funcionário corrupto da Receita.

Comparemos com o Bolsa Família: quanto recebem os beneficiados? Quem são eles? Quem pode receber?

Busque a informação na Caixa Econômica: para participar, é preciso que a família esteja em situação de pobreza ou de extrema pobreza. As famílias devem ter renda mensal de até R$ 85,00 por pessoa (extremamente pobre) ou que sejam pobres, com renda mensal entre R$ 85,01 e R$ 170,00 por pessoa (pobre).

Se você, que pertence à classe média e mora no Rio de Janeiro (ou cidade equivalente) teve que pedir o almoço por entrega e um refrigerante, você gastou a renda mensal de uma pessoa extremamente pobre. Essa pessoa recebe do PBF aproximadamente a mesma quantidade, 85 reais.

Voltemos ao nosso possível corrupto da receita. Quantas pessoas seriam ajudadas pelo PBF com o que parece que o nosso corrupto recebeu de propina?

Só a propina equivale a 1.882.352 bolsas. Chegando perto de dois milhões de bolsas. Só esse ladrãozinho e seu grupo (se é que, realmente, receberam propina da JBS – tudo sujeito a confirmação) recebeu o equivalente ao benefício anual de 156.863 pessoas paupérrimas.

Essa é a medida da corrupção e das injustiças que elas representam.

Para visualizar melhor, encha o Beira Rio, o Engenhão, o Pacaembu e o Independência com pessoas muito, muito pobres, subnutridas, em andrajos, beneficiários do Bolsa Família. Aquela pessoa, ou aquele grupinho, afanou o equivalente à renda anual de todas essas pessoas.

Se você ainda acredita que o Bolsa Família é o principal erro, um problema dos mais sérios do Brasil, e que a corrupção é coisa pouca...

GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ

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Tuesday, December 05, 2017

PRESERVANDO O NOSSO CÉREBRO

O cérebro parece um músculo: exercitando-o se desenvolve; deixando parado, se atrofia.

Infelizmente, não é bem assim. Se fosse, os mundos acadêmico e intelectual estariam recheados de atletas olímpicos, cognitivamente falando. Porém, somos todos suscetíveis à demência e ao mal de Alzheimer’s.

O que não quer dizer que exercitar o cérebro seja inútil.

Uma pesquisa, que foi financeiramente apoiada pela Alzheimer’s Society da Grã-Bretanha, mostra que o que chamaram de Cognitive Training (CT), o treinamento cognitivo, pode contribuir para a prevenção da demência e para a manutenção das funções cognitivas em nós, coroas.

Como foi feita essa pesquisa?

Que resultados apresentou?

Primeiro, a pesquisa foi feita online, pela internet. Isso barateou enormemente o seu custo. Imagine como poderia baratear o custo do CT – para milhões de idosos brasileiros!

Seguiram um procedimento padrão: sortearam os participantes, adultos com mais de 50 anos, em três grupos: um foi treinado em Procedimentos Cognitivos Gerais; o segundo em Raciocínio e o terceiro pagou o pato: foi o grupo controle. Não foi treinado em nada. O treinamento durou seis meses e foi feito online.

Qual o objetivo principal? Contribuir para que idosos (mais de 60) tomem conta de suas atividades cotidianas, diárias. Continuem razoavelmente lúcidos e responsáveis por si mesmos.

Porém, os autores são pesquisadores e não perderiam essa oportunidade de avançar o conhecimento em outras áreas. A pesquisa tinha objetivos secundários: ver o efeito sobre o raciocínio, sobre a memoria verbal de curto prazo (essa aterroriza os coroas de verdade, >80 anos). Tem mais: recauchutar a memória funcional espacial, a aprendizagem verbal e a vigilância digital. O numero de coroas cobaias era grande: 2.912 com mais de sessenta. A garotada com mais de cinquenta até sessenta era ainda mais numerosa.

E os resultados?!!!? E os resultados?!!!?

Os pacotes de treinamento ajudam! O pacote geral e o com exercícios de raciocínio ajudaram os coroas de mais de sessenta a enfrentar os problemas do cotidiano. Os ganhos no raciocínio começaram mais cedo, em seis semanas; os outros demoraram mais tempo – seis meses.

Um grupo importante era os que já demonstravam algum declínio associado com a idade. São os gagás - como eu provavelmente já sou.

O que aconteceu com eles???

Aleluia! O Bom Deus não excluiu os gagás! Houve benefícios semelhantes aos obtidos pelos não gagás. Todos os grupos (menos o controle, claro) melhoraram.

Uma conclusão se impõe: o treinamento cognitivo online beneficia os coroas de diversas idades. Dentro de limites, mas beneficia. O maior benefício vem do treinamento no raciocínio.

Uma profecia (fácil!) também se impõe: treinamentos como esses e seus benefícios vão demorar a chegar ao Brasil e firmar raízes no país. Aqui tudo se faz através do estado, povoado em boa parte por analfabetos funcionais dedicados somente a aumentar o seu próprio patrimônio.

GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ

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PRESERVANDO O NOSSO CÉREBRO

O cérebro parece um músculo: exercitando-o se desenvolve; deixando parado, se atrofia.

Infelizmente, não é bem assim. Se fosse, os mundos acadêmico e intelectual estariam recheados de atletas olímpicos, cognitivamente falando. Porém, somos todos suscetíveis à demência e ao mal de Alzheimer’s.

O que não quer dizer que exercitar o cérebro seja inútil.

Uma pesquisa, que foi financeiramente apoiada pela Alzheimer’s Society da Grã-Bretanha, mostra que o que chamaram de Cognitive Training (CT), o treinamento cognitivo, pode contribuir para a prevenção da demência e para a manutenção das funções cognitivas em nós, coroas.

Como foi feita essa pesquisa?

Que resultados apresentou?

Primeiro, a pesquisa foi feita online, pela internet. Isso barateou enormemente o seu custo. Imagine como poderia baratear o custo do CT – para milhões de idosos brasileiros!

Seguiram um procedimento padrão: sortearam os participantes, adultos com mais de 50 anos, em três grupos: um foi treinado em Procedimentos Cognitivos Gerais; o segundo em Raciocínio e o terceiro pagou o pato: foi o grupo controle. Não foi treinado em nada. O treinamento durou seis meses e foi feito online.

Qual o objetivo principal? Contribuir para que idosos (mais de 60) tomem conta de suas atividades cotidianas, diárias. Continuem razoavelmente lúcidos e responsáveis por si mesmos.

Porém, os autores são pesquisadores e não perderiam essa oportunidade de avançar o conhecimento em outras áreas. A pesquisa tinha objetivos secundários: ver o efeito sobre o raciocínio, sobre a memoria verbal de curto prazo (essa aterroriza os coroas de verdade, >80 anos). Tem mais: recauchutar a memória funcional espacial, a aprendizagem verbal e a vigilância digital. O numero de coroas cobaias era grande: 2.912 com mais de sessenta. A garotada com mais de cinquenta até sessenta era ainda mais numerosa.

E os resultados?!!!? E os resultados?!!!?

Os pacotes de treinamento ajudam! O pacote geral e o com exercícios de raciocínio ajudaram os coroas de mais de sessenta a enfrentar os problemas do cotidiano. Os ganhos no raciocínio começaram mais cedo, em seis semanas; os outros demoraram mais tempo – seis meses.

Um grupo importante era os que já demonstravam algum declínio associado com a idade. São os gagás - como eu provavelmente já sou.

O que aconteceu com eles???

Aleluia! O Bom Deus não excluiu os gagás! Houve benefícios semelhantes aos obtidos pelos não gagás. Todos os grupos (menos o controle, claro) melhoraram.

Uma conclusão se impõe: o treinamento cognitivo online beneficia os coroas de diversas idades. Dentro de limites, mas beneficia. O maior benefício vem do treinamento no raciocínio.

Uma profecia (fácil!) também se impõe: treinamentos como esses e seus benefícios vão demorar a chegar ao Brasil e firmar raízes no país. Aqui tudo se faz através do estado, povoado em boa parte por analfabetos funcionais dedicados somente a aumentar o seu próprio patrimônio.

GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ

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