STATCOUNTER

Um espaço para que pesquisadores nas Ciências Humanas discutam suas idéias, seus projetos, suas análises.

Saturday, February 18, 2006

Análise de conteúdo

Tati:

que coincidência!!! Eu ando interessado em fazer uma análise do conteúdo das leituras dos cursos de pós-graduação (talvez da graduação também) em sociologia e ciência política, além de outra de material escrito (cartas, e-mails etc) vis-à-vis o referendo... Não sei a quantas andas, mas há um programa leve, grátis, TextStat, que fará a contagem das palavras, que podes codificar etc, e faz a concordância também. Continuemos trocando fichinhas. A Marielle, que está nessa lista, deverá participar desse projeto. Aliás, não sei se há outras pessoas interessadas em conversar e ler um pouco sobre análise de conteúdo. Se houver, é bom sinalizar.

Gláucio

Friday, February 17, 2006

A organização dos economistas....

Há vários sites que proporcionam uma quantidade gigantesca de informação. Neles, a dificuldade é como selecionar.Um site interessante, de orçamento zero (todo o trabalho é voluntário), é hospedado agora pelo Depto. de Economia da Universidade de Connecticut. Antes estava em Montreal. Lista os trabalhos de 9120 autores; séries de papers, 1494 series, 447 revistas, software etc.Talvez um dia cheguemos lá. Vale a pena dar uma espiada:

Idéias

Sunday, February 12, 2006

Quem quizer comentar....

Pretendo publicar alguns outros nessa linha. Por isso, solicito críticas. Não é leitura obrigatória, nada disso.


Movidos a ódio
Gláucio Ary Dillon Soares



[01/FEV/2006]


Em 26 de junho de 1992, um desempregado chamado Raymond Ratima matou sete membros de sua família em Masterton na Nova Zelândia; um mês antes, o fazendeiro Brian Schlaepfer, de 64 anos, trucidou seis membros da sua família antes de se suicidar, perto de Auckland. Foram exterminadas três gerações da família. Em 1996, Martin Bryant, um australiano de 28 anos com longa história de problemas psicológicos, queria matar turistas. Com um rifle, entrou num restaurante, caminhou calmamente até perto de cada vítima e atirou. Levou e queimou três reféns. Matou 35. Do outro lado do mundo, em Dunblane, na Escócia, no mesmo ano, Thomas Hamilton entrou numa escola primária com duas pistolas, dois revólveres e 743 cartuchos. Fez 105 disparos durante quatro minutos, matando 16 crianças de 4 a 6 anos de idade e um adulto. Se suicidou depois. Em 2002, em Erfurt, na Alemanha, Robert Steinhaeuser, de 19 anos foi expulso da escola à qual voltou, vestido de ninja, com uma Glock de 9 mm, matando 13 professores, dois estudantes e uma policial, se suicidando depois. Havia feito ameaças de morte. Em São Paulo, em 1999, o estudante Matheus da Costa Meira matou três pessoas a tiros num cinema em um shopping.

Há muitas centenas de um tipo especial de assassinos múltiplos, chamados de rampage killers, difíceis de entender, diferentes dos demais assassinos. O número pode ser muito maior. Foram estudados, principalmente, nos Estados Unidos, mas ocorreram em muitos países. A evolução da tecnologia da morte significa que o mesmo assassino que antes matava duas ou tres pessoas hoje pode matar vinte, como argumenta Tom Diaz em Making a killing: the business of guns in America. A letalidade de facas ou espadas é muito menor do que a de armas semi-automáticas: exige proximidade física, dá possibilidade de defesa e de fuga. Alguns rampage killers se encastelaram em pontos privilegiados, como torres de observação, e escolheram em quem atirar.

Os rampage killers diferem dos demais homicidas. Poucos tentam fugir. Um terço se suicida na hora; outros 9% se suicidam depois. A idade faz diferença: poucos jovens se suicidam, muitos dos adultos o fazem. No total, metade morre logo após o crime, por suicídio no local ou alvejado por terceiros, usualmente a polícia.

Essas mortes são imprevisíveis e inevitáveis? Não. Muitos dão sinais que não são reconhecidos; alguns avisam o que pretendem fazer. Não são levados a sério.

Os lugares variam, mas freqüentemente são ambientes onde se reúnem várias pessoas, usualmente públicos, conhecidos dos assassinos. Os estudantes preferem os próprios colegas e professores nas escolas, mas às vezes matam também outras pessoas, inclusive membros da sua família. Talvez a mais tristemente conhecida seja a Columbine High School, onde dois adolescentes mataram treze e feriram 23. Pessoas que foram despedidas ou preteridas em aumentos e promoções matam em seus ambientes de trabalho. Os rampage killers não respeitam ninguém: em Dunblane eram crianças pequenas; um fascista atacou uma creche em Los Angeles. Em Fort Worth, Texas, sete pessoas foram mortas no fim dos cânticos numa igreja. As vítimas do ódio são muitas e diversas.

Matam a esmo dentro de um ambiente escolhido e, dependendo do poder de fogo e da rapidez do atendimento da polícia, podem matar muitas pessoas.

O que causa isso?

Muitos pensam que esse comportamento é estimulado pela violência na TV, no cinema e nos jogos. O New York Times examinou uma centena de casos, dos quais apenas seis tinham claro interesse em vídeo games violentos e outros sete em filmes violentos: não sabemos se são mais ou menos do que a população. Seria uma explicação parcial, pois deixa de fora oitenta e sete assassinos. Porém, também sabemos que a mídia tem um papel importante na divulgação de exemplos: 14% dos assassinos conheciam massacres anteriores. Os rampage killers tiram idéias de algum lado. Essas idéias podem vir de episódios semelhantes, específicos, e não apenas da violência mais genérica na TV, cinema ou jogos.

A pesquisa do Times mostra que familiares, professoras e até profissionais da saúde mental não viram os sinais ou não os consideraram relevantes. As ameaças devem ser levadas em sério: 63% tinham feito ameaças e 54% tinham feito ameaças específicas a membros do grupo que atacaram. James Calvin Brady disse a seus psiquiatras que queria matar gente; eventualmente foi a um shopping em Atlanta e matou muitos. Os problemas mentais se destacam: mais da metade tinham um histórico psiquiátrico sério. Um quarto dos rampage killers deveria tomar remédios psiquiátricos, mas 58% tinham parado de tomar seus medicamentos antes dos crimes - ponto importante, porque vários tipos de doentes mentais, se medicados e tratados, não são nem mais nem menos agressivos do que a população, mas se transformam quando param de tomar os medicamentos. Lothar Adler, estudioso dos assassinos múltiplos, enfatiza as explicações psiquiátricas e a prevenção: em dois casos, soldados alemães que dirigiam tanques saíram catando gente para atropelar. Foram tomadas precauções e, em um quarto de século, não houve repetições.

Esses atos não resultam de um impulso: podem ter um longo período de amadurecimento, mas geralmente são planejados. Há eventos precipitadores: a perda do emprego, que pode ser catastrófica, estava presente em 47% dos casos; os problemas de relacionamento como divórcio ou fim de namoro, estavam presentes em 22%.

Uma percentagem mais alta dos rampage killers esteve nas Forças Armadas ou na polícia, em comparação com os homicidas ''comuns''. Tampouco são predominantemente membros de minorias étnicas, são mais velhos e tiveram mais educação formal. Proporcionalmente, há mais homens do que nos homicídios comuns, embora haja mulheres rampage killers.

Os pesquisadores do Times acreditam que a característica que mais diferencia os rampage killers dos demais assassinos é que eles não tentam nem querem fugir. Dos cem americanos estudados, nenhum escapou: ou morreram ou foram presos.

Comum a todos: são movidos a ódio

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Saturday, February 11, 2006

Pós Graduação

Acredito que os cursos de pós-graduação em Ciências Humanas no Brasil, inclusive Sociologia e Ciência Política, seguem um modelo arcaico. Formamos muitos mestres e doutores "de mentirinha" e poucos pesquisadores aptos a contribuir para o acêrvo de conhecimento sobre o Brasil. Formamos, ocasionalmente, bons pesquisadores, produtos dos esforços combinados de alunos excepcionais e professores dedicados. Não obstante, as instituições não garantem a qualidade dos alunos. Temos excelentes professores e muitos bons conhecedores de teoria, mas poucos pesquisadores efetivamente competentes. A pós-graduação não está pensada para formá-los. Aconselho a todos a que, onde possível, façam a pós-graduação fora do país, num bom departamento numa boa universidade. Não pensem em fazê-la com "fulano", mas num bom departamento. Há excelentes programas fora dos Estados Unidos, mas há uma grande concentração dos programas de qualidade naquele país. Esta e outras questões podem ser debatidas neste espaço. Os que seguem o programa de estudos e leituras fazem dois cursos, um introdutório e outro intermediário, de Criminologia. É grátis, mas exige muitas leituras, algum conhecimento de idiomas, competência mínima para surfar a internet e, eventualmente, aprendizagem de métodos quali-quanti. O espaço é limitado e reservado a participantes ativos. Quem não faz o dever de casa não tem porque permanecer neste espaço.

Precursores

Morselli publicou trabalhos empíricos sobre o suicídio 18 anos antes de Dürkheim. Há um artigo em italiano, de Peloso PF. publicado na revista Pathologica 1992 Jan-Feb;84(1089):107-20. Não é nada fácil conseguir. Peloso compara Morselli, Dürkheim e Freud.
Um sumário aguado em Ingles se encontra aqui

A leitura de Morselli gera uma pergunta intrigante: porque Morselli "sumiu" do mapa ao passo que Dürkheim se transformou em um clássico? Existe medalha dedicada a Morselli pela International Academy of Suicide Research, que honra seu pionerismo e competência. Veja o anúncio:

Morselli Medal

Background History
The Academy most distingiushed award is the Morselli Medal, named after Enrico Morselli, late of the University of Genoa School of Medicine. To Morselli goes the credit for the first exhaustive application of statistical and epidemiological methods to the study of suicide. His work, represented in a massive treatise published in 1879, anticipated by eighteen years, the much better known Suicide: A Study in Sociology by Emil Durkheim, which did not appear until 1897. Morselli was therefore the first scientific, statistically informed epidemiologist in suicidology.

In his treatise Morselli addressed the influence of increasing social complexity on suicide, as well as the influence of individual biological and social circumstances, suicidal methods, and treatment of suicidal patients. He emphasized the importance of mental anguish as a major factor in suicide.

He published about 146 papers in the field of psychiatry, 42 in scientific philosophy, 72 in anthropology, 63 in medicine and neuropathology, 60 in psychology, 60 in forensic psychiatry and legal medicine, and 50 on sociological and educational questions. Morselli was the first to describe what we now know as body dysmorphic disorder—he coined the term dysmorphophobia. He
was interested in questions of euthanasia. Like many other scholars of his time, he also concerned himself with psychic research.

The medal was first awarded in 2003 and the first recipient of the medal was Marie Asberg of Sweden in recognition of her pioneering contribution to the biology of suicidal behavior.

(1) Morselli, E (1879) II Suicidio. Saggio di statistica morale comparata. Milano: Dumolard. Vol. 21 of the “Biblioteca Scientifica Internazionale”.– Idem (1881). Suicide. An Essay On Comparative Moral Statistics…Revised and Abridged By The Author For The English Version. London: C. Kegan Paul. – Idem (1881). German version.

(2) Goldney, R (2000) Pre-Durkheim Suicidology. Crisis 21: 181-186

(3) Vidoni, G (1929) Ricordando Enrico Morselli. Archivo Italiano di Psicologia 7: 161-16

(4) Morselli, E (2001) Dysmorphophobia and taphephobia: Two hitherto undescribed forms of insanity with fixed ideas. Trans. L. Jerome. History of Psychiatry, 12: 103-114

Enrico Morselli

1852-1929

Uma introdução moderna ao tema do suicídio, que tu podes baixar

Veja suicide prevention triangle

É introdutório e bem organizado. Pode ser lido em primeiro lugar, como preparação. É leitura aconselhada para entender o campo, mas não é leitura obrigatória.

Outros "clássicos" na análise do suicídio

NÃO é consulta obrigatória.
Maurice Halbwachs, Les causes du suicide (1930)
trabalhou num estilo semelhante, quatro décadas depois. Leia e compare algumas partes, que estão disponíveis no Google (clique aqui).

Páginas dedicadas a Dürkheim

Há várias páginas dedicadas a Dürkheim. Consultá-las não é requisito para seguir no seminário. Veja, se o desejar, as seguintes URLs
uma em Norfolk
outra interessante é

Thursday, February 09, 2006

Integrando Dürkheim, análise de conteúdo e psiquiatria: poetas suicidas e não suicidas: Word Use in the Poetry of Suicidal and Nonsuicidal Poets

Pesquisa difícil, com muitos problemas metodológicos, mas um grande estímulo à interdisciplinaridade e à análise de conteúdo de textos, esquecida pela nossa sociologia. O artigo inteiro está disponível. Os poetas e o suicídio.

Para ver as tabelas clique onde diz Table etc.

O livro de Kay Jamison (o primeiro da lista) é importante para este artigo, mas também os dois livros dela sobre o suicídio, traduzidos para o portugues.

Complicando Dürkheim: Measuring Multiple Dimensions of Religion and Spirituality for Health Research

Religião é muito mais do que o nome da religião organizada que alguém segue. Há intensidade, crenças, dimensões, todas com consequências para o comportamento das pessoas. Clique aqui

Religiosity and the Earliest Stages of Adolescent Drug Involvement in Seven Countries of Latin America

Este artigo trabalha dados de sete países latino-americanos, relacionando (negativamente) religiosidade e uso de drogas.

Religiosidade, IDADE e suicídio

Muitas análises dürkheiminianas das relações entre religiosidade e suicídio deixam a idade de fora. Esta não deixa<
Este é o resumo. Os estudantes precisarão de acesso a esse provedor pago.
Clique aqui

857 trabalhos em Criminologia e os dados usados pelos autores

Presente para os criminólogos: 857 artigos/relatórios/livros em Criminologia e acesso aos dados que foram usados. À sua espera, em Michigan, no ICPSR, pela internet. O Banco de Dados da UNICAMP, moderado pela Rachel Meneghello, tem acesso a muita coisa. Clique aqui