STATCOUNTER

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Tuesday, January 16, 2018

DECLÍNIO DO PSA DEPOIS DA TERAPIA HORMONAL E SOBREVIVÊNCIA

Na primeira leva de tratamentos do câncer da próstata, o objetivo, claro, é a cura. Cirurgia, radiação e vários outros tratamentos são usados nesse momento, isoladamente ou em combinação. Se, esgotados esses recursos, o câncer não for curado, a maioria dos médicos considera que o câncer não pode mais ser curado. Nos Estados Unidos, essa situação é comunicada como parte de um dever de oficio; além disso, suspeito que os pacientes americanos fuçam a internet mais do que os brasileiros.

Há dois importantes senões nesse momento:

· Isso não quer dizer que os pacientes vão morrer deste câncer. Em verdade, a maioria morre de outras causas;

· Os tratamentos passam a ter outros objetivos, como parar, postergar o avanço do câncer ou reduzir a velocidade desse avanço, reduzir dor e desconforto nos casos mais adiantados etc..

Os tratamentos mudam e dependendo da existência – ou não – de metástase e da agressividade do câncer, muitos pacientes podem ser acompanhados sem tratamentos mais pesados ou invasivos. Caso contrário, um tratamento comum é o hormonal que busca reduzir os níveis de testosterona. O tratamento pode ser “mono”, sozinho ou combinado.

Uma pesquisa recente mostra que a redução do PSA nos sete meses (nada de magico nesse número – poderiam ser seis meses, dez meses etc.) após o inicio do tratamento se correlaciona intimamente com a sobrevivência. Se o PSA baixar a 0,2 ng/mL ou menos as perspectivas são muito melhores se comparadas com os pacientes cujo PSA era de 4 ng/Ml ou mais. O risco de morte era 82% menor. Boa notícia para mim, porque o meu PSA baixou a 0,05 ng/Ml.

Para entender bem o próximo resultado é preciso ter uma noção do que é mediana. Se você ordenar os pacientes de acordo com a sobrevivência, a mediana é o número de meses que separa a metade que viveu menos da metade que viveu mais. A mediana da sobrevivência (em meses) dos que baixaram o PSA a 0,2 ou menos é muito menor do que o grupo cujo PSA ficou em quatro ou mais após sete meses do inicio do tratamento. No grupo com PSA mais alto a mediana da sobrevivência foi 21,6 meses. Metade desses pacientes morreu antes de 21,6 meses do início do tratamento. A outra metade morreu depois ou não havia falecido quando a pesquisa foi encerrada. No grupo cujo PSA, depois de sete meses, estava em 0,2 ou menos, metade morreu antes de 72,8 meses, mais de seis anos, e a outra metade ou morreu depois ou continuava viva quando a pesquisa foi encerrada.

É uma diferença muito grande.

A pesquisa incluiu uma mistura de pacientes que só foram tratados com a terapia hormonal e de pacientes que, além da terapia hormonal, fizeram, também, quimioterapia. Nessa nota comparo, apenas, os que fizeram a monoterapia hormonal.

O artigo foi publicado no Journal of Clinical Oncology.

GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ

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